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Acha que é um potencial suicida?

Existem pessoas a quem um suicida pode recorrer para pedir ajuda; se sabe de alguém com comportamentos suicidários, ou se se sente um potencial suicida, procure quem possa prestar ajuda não desistindo nunca antes de alguém o ouvir. Uma vez mais, a única forma de saber se alguém tem comportamentos suicidários é perguntando e analisando a sua resposta. Consulte a página de Telefones SOS aqui

Os suicidas, como todas as restantes pessoas, necessitam de amor, compreensão e apoio. Por norma, mas erradamente não se pergunta de forma directa “Sentes-te tão mal que já pensaste no suicídio?”. Afastarem-se dos outros aumenta o isolamento que sentem e a probabilidade de tentativa de suicídio. Perguntar se pensam em comportamentos suicidários tem, como efeito, permitir o direito a sentirem tais ideias, reduzindo o seu isolamento; se têm comportamentos suicidários, verificam que outras as pessoas entendem a forma como se sentem, que compreendem os seus sentimentos e a sua dor psicológica. 

Se alguém que conhece lhe diz que tem intenção de cometer suicídio, acima de tudo, escute-o. Depois escute mais. Diga-lhe “eu não quero que morras”. Esteja disponível para ouvir os seus sentimentos, e tente estabelecer um “pacto de não-suicídio”: peça-lhe que prometa que não vai cometer suicídio, e que quando sentir que tem vontade de se magoar que não faça nada sem antes falar consigo ou com alguém que o possa apoiar. Leve-os a sério, e fale deles a alguém com habilitações para os ajudar, tal como um médico, no Centro de Saúde da comunidade, a um Psicólogo, a uma assistente social, etc. Se apresentarem fortes indícios suicidas e falarem consigo poderá necessitar de os levar a um departamento de emergência hospitalar. Clique aqui para entrar em contacto com uma pessoa pronta a ajudar e consultas especializadas em Portugal. 

Não tente “salvá-los” nem transpor para si as suas responsabilidades, nem tente ser herói tentando resolver a situação por conta própria. Pode prestar uma ajuda mais preciosa referindo estes casos a quem está habilitado a proporcionar-lhes a ajuda de que necessitam, podendo continuar a prestar-lhes o seu apoio e lembrando-lhes que o que lhes acontecer é inteiramente da responsabilidade deles. Procure, também, algum apoio para si ao tentar obter apoio para eles; não tente salvar o mundo sozinho. 

Se não sabe para onde se virar, há sempre uma linha telefónica anónima ou o Número Nacional de Socorro 112 que funciona 24 horas por dia com pessoal habilitado na prevenção do suicídio que poderá ajudá-lo. Consulte a página de Telefones SOS aqui.

Os suicidas são loucos?

Não, ter pensamentos suicidas não implica ser-se “louco”, nem necessariamente ser doente mental. As pessoas que tentam o suicídio estão seriamente afligidas e deprimidas. Esta depressão pode ser reactiva, situação que é perfeitamente normal em circunstâncias difíceis, ou pode ser uma depressão endógena que é o resultado de uma doença mental diagnosticável com outras causas subjacentes. Também pode ser uma combinação das duas. 

A questão da doença mental é difícil porque ambos os tipos de depressão podem ter sintomas e efeitos semelhantes. Além do mais, a definição exacta de depressão como doença mental diagnosticável (ex. depressão clínica) tende a ter diferentes matizes, assim o facto da pessoa que se sente afligida o suficiente para tentar o suicídio ser diagnosticada como sofrendo de depressão clínica pode variar de pessoa para pessoa e entre culturas. 

É provavelmente mais útil distinguir entre estes dois tipos de depressão e tratá-los adequadamente do que tentar diagnosticar a depressão como forma de doença mental, mesmo que os sintomas apresentados pela depressão reactiva correspondam aos critérios da depressão clínica. Por exemplo, Appleby e Condonis escreveram: 

“Pensamentos e actos suicidas podem ser o resultado de tensões e perdas com as quais não se consegue lidar. 

Numa sociedade onde o estigma e ignorância acerca da doença mental é significativo, a pessoa que experimenta comportamentos suicidários pode temer que os outros a considerem “louca” se revelarem os seus sentimentos, tornando-se relutantes em pedir ajuda durante a crise que atravessam. De qualquer forma, descrever alguém como “louco”, com fortes conotações negativas, não é, provavelmente, útil e o mais provável é dissuadir alguém de procurar ajuda o que se pode revelar bastante benéfico, independentemente de ser diagnosticada doença mental ou não. 

As pessoas que sofrem de uma doença mental tal como a esquizofrenia ou depressão clínica têm índices significativamente mais altos de suicídio, embora sejam ainda uma minoria dos que tentam tal acto. Para estas pessoas, ter a sua doença correctamente diagnosticada, com um tratamento apropriado, pode ser uma forma de impedir o acto de suicídio.” 

Quais os sinais de alerta?

Detectar os sinais de alerta e intervir de forma eficaz é uma tarefa importante que poderá salvar vidas.  Os profissionais de saúde mental têm pesquisado formas diversas para a prevenção do suicídio, mas nem sempre com o sucesso desejado. A impulsividade é um dos factores importantes a ter e conta, pois ela modela a rapidez com que se passa do pensamento ao acto, podendo constituir um factor de risco acrescido ou um factor de protecção.  O nível de energia é também um factor importante a ter em conta. É na fase de remissão da depressão que o risco de suicídio aumenta, aumentando também o nível de energia que facilitará o acto suicida. Da mesma forma, quando os sintomas depressivos pioram também o risco aumenta em consequência de mais uma derrapagem no percurso doloroso da depressão.  Os principais sinais de alerta podem ser apreendidos através de sinais, tais como comentários acerca da morte ou suicídio. Ao contrário do que a maioria das pessoas julga, os suicidas expressam algo sobre as suas intenções.  Os preparativos para a morte são por vezes um dos sinais mais preocupantes, tais como a preparação de documentos, dar objectos pessoais de valor sentimental elevado ou escrevendo cartas ou notas aos amigos.  Alguns sinais exteriores podem evidenciar risco, tais como a sensação desesperança, ansiedade intensa, auto-desprezo, apatia ou entorpecimento, assim como tristeza intensa, comportamento impulsivo e mudanças rápidas de humor.

Factores de risco sobre Suicidio

Factores de risco ou facilitadores 

Psicopatológicos 

  1. Depressão endógena, esquizofrenia, alcoolismo, toxicodependência e distúrbios de personalidade; 
  2. Modelos suicidários: familiares, pares sociais, histórias de ficção e/ou notícias veiculadas pelos média; 
  3. Comportamentos suicidários prévios; 
  4. Ameaça ou ideação suicida com plano elaborado. 

Pessoais 

  1. Ter entre 15 e 24 anos ou mais de 45; 
  2. Pertencer ao sexo masculino e raça branca; 
  3. Morte do cônjuge ou de amigos íntimos; 
  4. Escolaridade elevada; 
  5. Presença de doenças terminais (HIV, cancro etc.); 
  6. Hospitalizações frequentes, psiquiátricas ou não; 
  7. Família actual desagregada: por separação, divórcio ou viuvez. 

Psicológicos 

  1. Ausência de projectos de vida; 
  2. Desesperança contínua e acentuada; 
  3. Culpabilidade elevada por actos praticados ou experiências passadas; 
  4. Perdas precoces de figuras significantes (pais, irmãos, cônjuge, filhos); 
  5. Ausência de crenças religiosas. 

Sociais 

  1. Habitar em meio urbano; 
  2. Desemprego; 
  3. Mudança de residência; 
  4. Emigração; 
  5. Falta de apoio familiar e/ou social; 
  6. Reforma; 
  7. Acesso fácil a agentes letais, tais como armas de fogo ou pesticidas; 
  8. Estar encarcerado. 

Tentativa de suicídio e Para-suicídio

Para-suicídio 

Acto não fatal, através do qual o indivíduo protagoniza um comportamento invulgar, sem intervenção de outrém, causando lesões a si próprio ou ingerindo uma substância em excesso, além da dose prescrita, reconhecida geralmente como terapêutica, com vista a conseguir modificações imediatas com o seu comportamento ou a partir de eventuais lesões físicas consequentes.  É no sexo feminino que possui uma maior incidência, isto é, são as mulheres, em especial na sua juventude, que mais adoptam este tipo de comportamento e que está, regra geral, associado a um conjunto de perturbações emocionais, caracterizando-se pela prática de actos que simulam longinquamente a vontade de terminar a vida, mas com a peculiaridade de deixar pistas para que o acto não resulte na própria morte.  Infelizmente, este tipo de comportamentos e situações nem sempre é descoberto a tempo de evitar uma morte. Por exemplo, uma adolescente que tomou um “cocktail” de medicamentos para simular e fazer sentir a sua dor, o seu desespero, contando que um familiar chegasse a casa a tempo de a poder transportar ao hospital, mas que, por razões diversas tal não acontece e aquilo não pretenderia passar de um grito de ajuda, transforma-se num suicídio, embora não fosse essa a verdadeira intenção.  

Tentativa de suicídio 

Ao contrário do para-suicídio, a tentativa de suicídio é entendida como o acto levado a cabo por um indivíduo e que visa a sua morte, mas que por razões diversas não é alcançada.  É o nível de intencionalidade uma dos principais diferenças entre estes actos, sendo na tentativa de suicídio superior.  A precipitação propositada de um local bastante alto, pode considerar-se como uma tentativa de suicídio caso não resulte na própria morte, no entanto, é importante referir que é neste quadro que resultam mais incapacitações como consequência da intencionalidade do acto. Dir-se-ia que é um suicídio frustrado.

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