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A Sheyla tem 41 anos e é engenheira. É casada com o Pedro e são pais de dois meninos, o Bernardo e o Martim. Passado mais de 1 ano de ter tido o seu bebé mais novo, a Sheyla conta-nos como a experiência de ser mãe pela segunda vez é tão diferente da primeira. E explica-nos como todos os momentos menos bons são ultrapassáveis, de forma a podermos aproveitar ao máximo a magia da maternidade.

Como foi a tua gravidez?

Foi a minha segunda gravidez. Não foi uma gravidez tranquila porque com 3 meses e meio de gravidez a minha mãe faleceu o que me afetou muito . Aos 5 meses comecei a ter perdas de sangue o que me obrigou a ter de ficar em casa em repouso até o parto. Durante esses meses não aproveitei a gravidez da mesma forma que a do meu primeiro filho, por estar mais preocupada se tudo correria bem.

Que medos tinhas?

Tinha medo do bebé nascer antes do tempo e se ele seria um bebé saudável.

Como foi o nascimento? O que sentiste quando viste o teu bebé pela primeira vez?

Face à situação clínica foi prevista uma cesariana para o dia 18 de Maio. No entanto, o Martim teve pressa e quis fazer uma surpresa. Então na véspera, dia 17, acordei as 7h com o rompimento da bolsa. Não sabia bem o que estava a acontecer visto que o primeiro parto também foi cesariana (pélvico). Liguei ao meu médico que me orientou para ir para a maternidade. Estava muito nervosa porque tinha uma série de preocupações para aquele dia , nomeadamente, tinha planeado para aquele dia deixar as sopinhas prontas do meu filho mais velho; queria acabar um livro de histórias sobre o nascimento para ele poder levar para a escola  (era uma maneira de nos mantermos juntos uma vez que sabia que durante os dias pós-parto ficaria no hospital)  e por fim, sou um pouco pragmática e ter antecipado o dia “atrapalhou os meus planos” o que me dá a sensação de “fora de controlo”, e o que me deixou ainda mais ansiosa.

Depois de ter sido examinada pela médica das urgências fui para o quarto para ser vigiada. Comecei com muitas contrações. Ui, aquilo doía… fiquei desde as 10h até as 15h a sentir as contrações até a chegada do meu obstetra. Essa parte não foi fácil. Às 15h o meu médico chegou e seguimos imediatamente para a sala de cirurgia. Meu bebé nasceu as 15h43 e mais uma vez surpreendeu-nos. Ao contrário das minhas preocupações, nasceu saudável a pesar 4,040Kg.

Lembro-me de perguntar ao médico se ele estava bem e a resposta que recebi com graça foi “sim, só é um pouco desnutrido tadinho”. Ver o meu bebé, ver a sua carinha é algo que me emociona sempre que me recordo. É mágico, como diria o meu filho mais velho.

E a chegada a casa?

Por um lado um segundo filho dá-nos mais tranquilidade porque já passámos por aquela experiência e sabemos que tudo é normal e passa. Por outro lado, como com o meu filho mais velho tive uns primeiros meses complicados, com ele a chorar e com cólicas, então tinha receio de se passar o mesmo com o Martim. Mas o Martim surpreendeu-me mais uma vez e fazia cerca de 4h de sono o que para mim era um luxo! Isso ajudou-me porque o irmão tinha ciúmes e durante à noite chorava pedindo colo e eu acabava por reversar, ora estava com o Martim, ora estava com o Bernardo.

Em que é que sentiste que foste apanhada desprevenida?

Apesar de no pós-parto do meu primeiro filho ter passado por toda aquela pressão do “colo não é bom” e ter ultrapassado com a ajuda de ter descoberto o “Bejame Mucho”, do Gonzalez e depois, outros autores da mesma linda de pensamento. Mas quando se está mais cansada e de certa forma “fragilizada” (porque passamos por muitas mudanças) , em momentos de crise por vezes pensava se estava a fazer tudo certo.

Qual foi o pior momento?

Foi quando perto dos 2 meses o Martim deixou de fazer as 4 horas das sestas diurnas e eu comecei a ter um dejavu… e quando à noite o irmão chegava à casa e eu queria dar-lhe atenção mas o Martim queria também colinho. Essa parte foi a que mais me custou gerir.

O que sentiste que te ajudou?

Como já não era mãe de primeira viagem, para o segundo filho antevi-me com uma série de estratégias para facilitar a minha vida no pós-parto. Desde passar a fazer compras de supermercado online, a comprar uma bimby para me ajudar a ter mais tempo e por fim, uma amiga falou-me da Constança. Comprei o seu livro e adorei. Precisávamos de uma voz feminina, mãe, mulher e que falasse a nossa língua.

Então, quando senti que precisava de alguém para dar-me o “Norte” enviei um email para o centro do Bebé e inscrevi-me no Programa Dias Felizes. Foram semanas tão boas. A partilha de mães é essencial para o pós-parto. É empático, enriquecedor e ajuda-nos a perceber que todas passam por momentos mais difíceis, mas que não devemos perder o foco. Temos o nosso bebé connosco e devemos aproveitar aqueles momentos. O estar em contacto sempre com o nosso bebé num ambiente tão relaxado e acolhedor ajuda-nos muito. A Constança consegue dar-nos tranquilidade pela própria maneira de estar serena. Mas não é só isso, ela tem muito conhecimento e explica-nos de uma forma não imperativa.

E o que não ajudou nada?

Em momentos de crise, esquecer que os momentos difíceis são passageiros e que é tudo uma fase.

O momento mais belo?

Foi numa sessão do curso, os outros bebés estavam a dormir e então a Constança direcionou a massagem para o meu bebé que ao contrário dos outros tinha nascido de cesariana. De repente a Constança começa a olhar para o meu bebé e sem dizer nada, vem calmamente para junto de nós. Começa a olhar para ele, põe as mãos em sua cabeça e começa ali um momento mágico. Enquanto estou a escrever e recordar, emociono-me. Então a Constança pede-me para por as mãos junto aos pezinhos dele enquanto ela amparava a sua cabeça e o meu bebé começa a fazer todos os movimentos como se estivesse no parto natural. Empurrou o corpo, deu a volta e deslizou como se estivesse a sair. Foi LINDO! Eu nem consegui dizer nada depois disso porque fiquei emocionada e boquiaberta. Foi de facto um momento mágico. Foi o parto natural que não tive.

O que mudou em vocês enquanto casal?

A vinda de um filho engrandece uma família. Acredito nisso. No entanto é importante estarmos preparados porque nem sempre é tão romântico. O cansaço, as noites mal dormidas, o corpo que não volta à forma rapidamente. Enfim… Mas ainda assim a chegada do nosso segundo filho fez-nos recordar e reviver a emoção que tivemos com o primeiro. Quando olhamos para o nosso filho, sentimos que ele é parte de nós e sem traduzir em palavras, sabemos que esse sentimento existe.

Se desses um conselho a ti mesma, no dia antes de ter nascido o teu bebé, qual seria?

Teria passado o dia num jardim, deitada numa mantinha a curtir com tranquilidade aqueles momentos com o meu filho mais velho e o meu marido.

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